6,5; Creedmoor ou Grendel?

6,5; Creedomoor ou Grendel?

Incomparáveis!

Foi a pergunta que me fizeram no outro dia; qual o melhor destes dois calibres, o 6,5 Creedmoor ou o 6,5 Grendel? A resposta é simples; nada a ver!

Sinceramente, até hoje não consegui perceber a razão do sucesso do calibre lançado pela Hornady em 2007, o 6,5 Creedmoor, pois no que diz respeito a prestações balísticas nem anda muito longe dos 6,5 que já existiam, principalmente do 6,5×55 Swedish Mauser (SE), amplamente difundido no continente europeu. O 6,5 Creedmoor conseguiu convencer muitos atiradores que, sem ser especialistas (pois os que fazem competição “à séria” usam outros calibres), viram as bondades deste novo calibre principalmente por fazer uso de ações curtas (“short action”) e por ser tolerante na recarga. O facto d ser um calibre que resolve muito bem muitas situações de caça também contribuiu para o sucesso do 6,5 Creedmoor, pois atualmente muitos praticantes de “long range” são (ou eram) caçadores. Mas nem aqui, no campo venatório, podemos dizer que o Creedmoor “deixa a léguas” o velhinho 6,5×55 SE.

Origens do 6,5 Creedmoor

Como referi, surge em 2007 pela casa norte-americana Hornady, em parceria com a Creedmoor Sports, uma empresa também com origem nos E.U.A. e que se dedica à produção e comércio de material de recarga (entre muitas outras coisas para tiro desportivo). Na origem do 6,5 Creedmoor está o cartucho .30 Thompson Center, um calibre nascido na mesma altura e que pretendia igualar as prestações do veterano .30-06 num cartucho que pudesse ser usado em ações curtas (“short action”, em vez de standard). O pescoço do .30 Thompson Center foi apertado para receber um projétil 6,5 mm e… nasceu o 6,5 Creedmoor, com o objetivo de ser um calibre capaz de competir nos eventos de “long range shooting” e, simultaneamente, permitir caçar com sucesso.

E o 6,5 Grendel…

Ao contrário do que muitos de vós podem estar a pensar, este “seis-e-meio” tem mais uns anos (quatro) do que o seu rival Creedmoor. Foi desenvolvido por um reputado armeiro anglo-americano, por um atirador norte-americano e por um técnico de balística da nórdica Lapua, para ser um calibre de reduzido recuo e elevada previsão de tiro até aos 700-800 metros, e (muito importante) que fosse particularmente apto a ser disparado pelas armas de plataforma AR-15. Este calibre acaba por ser uma variação do 6,5 PPC (muito utilizado nas competições de Bench Rest) e rapidamente, o 6,5 Grendel, ganhou adeptos no E.U.A., por permanecer supersónico até aos 1.100 metros e ser mais agradável de disparar do que o .308 Win., apresentando vantagens nos tiros longos comparativamente ao .223 Rem. (como sabemos, muito utilizado nas AR-15). Além disso, o 6,5 Grendel mostrou-se ainda válido para as armas de sistema “Kalash”.

E comparando?

Pois aqui é que está… não devemos comparar o 6,5 Creedmoor com o 6,5 Grendel.

Em primeiro lugar, o calibre Creedmoor está disponível com uma maior oferta de projéteis; por exemplo, a Hornady oferece uma dúzia de possibilidades neste calibre, com projéteis variados para caça (“varmint” até médio porte) dos 95 aos 147 grains, e para tiro. Enquanto o Grendel, por exemplo na mesma marca, apenas o encontramos em três cargas com três projéteis distintos; FMJ, ELD Match e SST (este último para caça de pequeno porte, como os veados “withe-tail”). E em segundo, estamos a falar de diferenças (à boca para projéteis semelhantes) de velocidade entre os dois calibres de cerca de 400 pés/segundo e de energia (importante para a caça) na ordem dos 400 Joules. Se bem que essas diferenças vão diminuindo conforme a distância aumenta, mas mesmo assim com uma diferença de queda do projétil de mais de 10 polegadas a 500 jardas.

Entre os fabricantes europeus a oferta do 6,5 Grendel é ainda muito reduzida, o que dificultará as coisas para aqueles que se limitam às munições comerciais. Logicamente, o mesmo não se passará com os adeptos da recarga.

Na minha modesta opinião, se tivermos de comparar o 6,5 Creedmoor será com o .308 Winchester, tanto pelas prestações como pelo recuo oferecido (que não é assim tão diferente). O 6,5 Grendel, quanto a mim, pertence a outra divisão, tendo a vantagem de ter um conforto de tiro consideravelmente superior ao seu “irmão”.

Texto e fotos: Pedro Vitorino